quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Em R'lyeh




Começou quando estava perdido em algum lugar do vasto oceano pacífico, anos atrás, embora sinta que façam segundos. Foi quando a encontrei, faltam-me palavras para descrever a magnitude e a monstruosidade daquela majestosa cidade, agora em ruínas, mas ainda transparece o horror de éons passados. Pouco sei sobre a mesma, embora não compreenda como submergiu, como levantou-se das profundezas e alcançou novamente a superfície. Sou apenas um ex-marinheiro que estranhamente adentrou as ruínas de uma cidade com mais do que um passado; estive em R'lyeh, cidade que data éons de existência, onde habita e repousa o corpo morto do grande Cthulhu.

Peço sinceras desculpas, não tenho intenção de causar qualquer tipo de sensacionalismo com esse manuscrito, apenas transcrever para o papel todos os pensamentos que assombram minha mente desde então. Também me desculpo pela decepção que causarei, mas não; não cheguei a ver A Coisa, não permiti que a curiosidade me levasse a seu encontro, o enorme salão que vejo em meus sonhos, onde Ele repousa. Vi um portão de proporções extremas, onde seu desenho estava lá, coberto por uma massa viscosa verde, onde senti sua respiração e seu desejo de retomar o que lhe pertencia.

Naquele momento, o medo tomou posse de meu corpo e fugi aos tropeços, confuso com a estranha geometria e arquitetura monolítica do lugar, onde parecia não existir. Ao alcançar meu bote, já um pouco distante no mar, ousei lançar meu olhar uma última vez em direção a R'lyeh, foi o momento em que senti que parte da minha alma estaria presa lá para a eternidade, também acredito que meus pesadelos sejam causados por esse fútil ato de curiosidade. Um enorme, de propagação inexplicável, Urro, mais para uma um grito de fúria que tomou posse do local, fez tremer até mesmo as unhas dos pés.

Fui encontrado cerca de nove dias depois (perdão novamente, mas minha memória não é a mesma desde aquele dia, creio que as vezes perco a noção do tempo) pela tripulação do Capitão Hank Johnson (o qual terá minha eterna gratidão), ainda gritando em pleno pânico, palavras do que pareciam pertencer a um idioma desconhecido, em pesadelos tão terríveis em que hesito em relatar aqui; Pela última vez, desculpem-me pela decepção, mas tenho que devolver o caderno à enfermeira, o tempo acabou.


"Ph'nglui mglw' nafh Cthulhu R'lyeh wgah'nagl fhtagn."


-Em memória de H.P Lovecraft, por sua criatividade em criar "O Chamado De Cthulhu", este conto baseia-se em sua magnífica obra.-


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Em R'lyeh de Davi Abath é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported.
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